Como a Microeconomia estuda a formação de preços? Conheça todos os fatores e teorias

A microeconomia é uma parte das ciências econômicas que estuda a formação de preços no mercado. Ela se concentra em mercados específicos, nos movimentos de produtores e consumidores, bem como no panorama geral econômico.

Para estudar essa formação de preços, diversos fatores e teorias são levados em consideração. Neste artigo iremos te apresentar algumas dessas teorias:

  • Teoria da Utilidade;
  • Bens complementares;
  • Bens substitutos;
  • Elasticidade-preço.

Leia o artigo, e conheça mais a fundo essas teorias tão importantes para a formação de preços.

O que é a Teoria da Utilidade?

Esse termo foi introduzido no século XVIII, e seu cálculo tinha o intuito de multiplicar a intensidade da emoção pela sua duração, e obter, assim, a utilidade total que um determinado bem gerava.

Atualmente, essa teoria diz respeito ao estudo de como as pessoas decidem gastar seu dinheiro. Normalmente, o indivíduo é mais feliz consumindo mais, até que encontre um ponto ótimo de utilidade dentro da sua restrição orçamentaria.

Essa escolha entre a compra de um determinado produto ou de outro, dependerá de fatores como: preço, cultura, tempo, região, produtos substitutos e outras particularidades de cada indivíduo.

Veja um exemplo que demonstra a teoria da utilidade:

Exemplo

Em uma situação normal, uma pessoa que pode escolher entre uma joia rara e um copo de água, escolhe a joia. Isso ocorre, pois, a joia rara dará maior grau de satisfação do que o copo de água, algo banal em situação normal.

A situação acima se inverte caso a pessoa à qual nos referimos estiver em um deserto muito quente, seco e grande, uma vez que o copo de água é mais valioso e útil do que qualquer outra coisa nesse ambiente.

O que são bens complementares?

O bem complementar é aquele que tem seu valor atrelado a outro, ou seja, o aumento da oferta ou demanda de um produto, culmina em aumento da oferta ou demanda de outro, não necessariamente na mesma proporção.

Veja alguns exemplos de bens complementares:

Exemplo 1

Um grande exemplo de bem complementar que pode ser observado no nosso dia a dia é o achocolatado. Quando há o aumento no consumo de leite, logo, também há o aumento no consumo de achocolatado por ser muito comum o consumo desses dois produtos em conjunto.

Exemplo 2

Um exemplo de maior escala é a cadeia automobilística. Quando há aumento na demanda por automóveis, também se aumenta o consumo de commodities como:

  • Cobalto e lítio: usados nas baterias;
  • Petróleo e óleos vegetais: usado em plásticos e outras partes;
  • Metais: usado em diversos componentes e peças.

O que são bens substitutos?

Diferente do bem complementar, que normalmente tem seu consumo proporcional ao bem de referência, o bem substituto é inversamente proporcional, ou seja, seu consumo normalmente substitui o outro, uma vez que ambos atendem ao mesmo tipo de demanda.

Existem diversos exemplos de bens dessa categoria, veja:

  • Manteiga e margarina;
  • Proteína animal. É comum que após o aumento no preço de uma fonte de proteína, como a carne vermelha, ela seja substituída por outra, como a carne suína ou a de frango;
  • Adoçante e açúcar;
  • Gasolina e Álcool.

O que é a Elasticidade-preço da demanda?

A elasticidade-preço da demanda, relaciona a demanda com as possíveis mudanças de preço. De forma simples, se o preço de um produto fica mais caro, a demanda por ele cai, ou seja, há uma relação inversa entre preço e demanda.

Veja um exemplo do mercado aeroviário de como a elasticidade-preço funciona na prática:

Com 300 dias antes do voo, a empresa aérea tenta vender as passagens por um determinado preço que maximize os lucros. Após algum tempo, se as vendas não esgotarem as poltronas, a empresa começará a baixar o preço até que encontre a demanda suficiente para preencher boa parte dos assentos.

O contrário também acontece. Se os assentos disponíveis forem esgotando, a empresa aumenta o preço para limitar a demanda até um determinado patamar que caracterize a escassez de lugares disponíveis, podendo atender também passageiros que compram com urgência na data do voo;

Onde a elasticidade-preço é usada?

Conforme pôde ser visto no exemplo, a elasticidade-preço tem aplicação prática. Ela analisa questões como:

  • Quanto precisamos que o preço oscile para “estimular/frear” a demanda?
  • Qual é o preço que resolverá o problema que encontrei?
  • É possível aumentar o preço sem que as vendas diminuam?
  • Quais os pontos de preços em que a disposição do consumidor em pagar aumenta ou diminui de forma desproporcional?

Através da resposta destas questões, será possível entender a melhor média de preço de um produto ou serviço buscando a otimização do lucro bruto final.

No entanto, é preciso ressaltar que existem tipos de produtos conforme a elasticidade:

  • Produtos “totalmente” inelásticos: Pessoas vão consumir independente do preço, por exemplo: água, energia elétrica, açúcar (demanda por açúcar responde muito ao crescimento demográfico), diesel (produtos essenciais);
  • Produtos inelásticos: Algodão, farelo de soja, milho, proteínas (produtos muito básicos no nosso dia a dia). Porém, há produtos que não são totalmente inelásticos porque existem produtos substitutos e acabam sofrendo algum grau de impacto na demanda com alterações de preço;
  • Produtos elásticos: Suco de laranja (outros sabores de sucos, outros produtos como refrigerantes), etanol (relação de 70% com o preço da gasolina, podendo facilmente ser substituído por ela). Nesses casos, há uma resposta mais proporcional da demanda conforme há alteração de preços.

Quais os fatores determinantes da demanda?

Existem alguns fatores que são determinantes para a demanda de um bem, veja:

  • Preço dos bens substitutos e relação de substituição com determinado produto: a diferença de preço e a preferência do consumidor em relação a outros produtos conta muito na hora de determinar a elasticidade de um bem de consumo;
  • Tempo: No decorrer dos dias,  conforme a população é abastecida com informações, maior tende a ser a variação da elasticidade de um produto;
  • Espaço: A exemplo dos combustíveis, quando comparamos Brasil e EUA, temos regulamentações, tributos e culturas de consumo  distintas;
  • Percentual da renda: Trata-se da restrição orçamentária de uma determinada população e o quanto aquele produto impacta em sua cesta de consumo;
  • Necessidade vs. Supérfluo: Conceito relativo, porque o que é supérfluo em um país, não necessariamente será em outro;

Elasticidade-preço da oferta

A elasticidade-preço da oferta se refere à variação da oferta que ocorre após uma subida no preço de um bem, ou seja, quando o preço aumenta, os vendedores aumentam a oferta . Ela verifica o quão sensível é o fornecimento de um bem diante dessa mudança de preço.

Em suma, o preço reduz ou estimula a oferta, uma vez que, quanto maior a margem de lucro de um produto, mais pessoas querem oferecer esse bem. Essa oferta de bens se divide em quatro opções veja:

  • Oferta perfeitamente inelástica: Suco de laranja, café, cacau, madeira. Normalmente são culturas perenes, que duram muitos anos, ou seja, que não colhemos uma vez só e depois podemos trocar facilmente por outra cultura, visto que, elas duram muitos anos e economicamente se torna inviável;
  • Oferta relativamente inelástica: Diferentes fontes de proteínas, Grãos em geral (farelo, óleo, outras fontes de carboidrato). Nesses casos, a viabilidade financeira e temporal de aumento da oferta é maior;
  • Oferta relativamente elástica: Hard Commodities – O fator predominante é a fonte e quantidade de reserva de uma determinada hard commodity. Dessa forma, pode-se aumentar ou diminuir a oferta de acordo com o preço vigente no mercado. Exemplo: OPEP pode segurar a oferta de petróleo caso o preço dessa commodity esteja baixo;
  • Oferta perfeitamente elástica: Termoelétrica-Depende do funcionamento das hidrelétricas. Se está chovendo muito, os reservatórios estão cheios, a pressão de água é maior e se produz mais energia. Em momentos muito secos, este cenário muda e, sendo a demanda por energia inelástica, os usos das termelétricas se tornam necessários para compensar a baixa produção das hidrelétricas. Todavia, as termelétricas só irão ativar caso o preço da energia elétrica torne a sua operação viável, ou seja, preço deve subir até um determinado nível para que compense os custos deste tipo de geração.

Quais os fatores determinantes da Oferta?

Assim como na demanda, também existem alguns fatores que são determinantes para a oferta de um bem, veja:

  • Custo de oportunidade: Preço de açúcar X Preço do etanol – Digamos que a usina de cana-de-açúcar vai decidir o que vai produzir mais. De acordo com a relação dos preços dos dois produtos/ Relação preço de commodity e fertilizantes. Se essa relação for positiva em termos de rentabilidade, começa-se a ofertar mais dessa commodity, pois torna-se possível fazer o hedge de proteção ou operações de barter;
  • Tempo: No caso das Hard Commodities, é possível mudar o patamar de produção e estoque final em um curto período de tempo. Nas proteínas animais, por exemplo, se faz necessário um período maior de tempo com preços ruins ou bons para influenciar o patamar de oferta e produção. Exemplo: A produção bovina possui um ciclo de 2 anos, a suína de 6 meses, a avícola de 1 a 2 meses;
  • Disponibilidade de infraestrutura, tecnologia e mão de obra: No caso de atingir o máximo da capacidade produtiva de uma fábrica, há uma restrição clara de produção. O mesmo aplica-se à disponibilidade de mão de obra, podendo limitar, por exemplo, o potencial de colheita do café ou do fruto da palma. Desta forma, independente do preço, existe um limite estrutural da oferta em um curto prazo.

Conclusão

As teorias da microeconomia que foram apresentadas, demonstram que o estudo da formação de preço precisa ser feito sob todos os diferentes ângulos separadamente para que se possa entender a dinâmica como um todo.

Ficou claro que o preço não é um resultado de apenas um fator, mas sim de vários. Saber por quais pontos de vista deve-se analisar um mercado é extremamente importante para que não se crie conclusões precipitadas ou incompletas de algum contexto de mercado. Por isso, sempre que se analisa uma formação de preço deve ser levado em conta o tipo de produto, seus substitutos, as restrições e barreiras de mercado, entre outros fatores abordados neste artigo.

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